Mais equipes vão receber recursos do Ministério da Saúde e os
agentes comunitários passam a ter atribuições como medir pressão e fazer
curativos. Serão capacitados cerca de 200 mil profissionais. Iniciativa
atende às diferentes realidades dos municípios e torna a assistência
mais resolutiva
A nova Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) do Ministério da
Saúde, aprovada nesta quinta-feira (31) pela Comissão Intergestores
Tripartite, amplia o número de equipes aptas a receber recursos e
valoriza a atuação dos agentes comunitários de saúde e de endemias.
Agora, esses profissionais vão poder aferir pressão e glicemia, além de
fazer curativos. Isso vai qualificar e tornar mais resolutivo o
atendimento da população nas visitas domiciliares. Essas novas
atribuições começam após autorização legal e capacitação.
De um total de 329 mil agentes comunitários de saúde e de combate às
endemias, 40% já possuem qualificação como técnicos em enfermagem e
estão aptos a realizar as novas funções. Os outros 200 mil serão
capacitados pelo Ministério da Saúde em um prazo máximo de cinco anos.
As prefeituras que mantinham equipes de atenção básica menores ou que
não cumpriam o padrão estabelecido passam agora a receber recursos
federais. A nova legislação mantém o mínimo de profissionais – médico,
técnico de enfermagem, odontólogo –, garantindo a qualidade do
atendimento, mas flexibiliza o número de agentes comunitários de saúde. O
mínimo agora é um agente nas equipes de Saúde da Família nas regiões e
quatro nas regiões de vulnerabilidade social.
“As novas regras vão aumentar a quantidade de profissionais a serem
contratados para atender a população, além de apoiar com mais recursos
os municípios. Estávamos fora da realidade, agora vamos oferecer a
contrapartida do governo federal a todas prefeituras que mantém equipes
de atenção básica, atendendo às necessidades locais”, destacou o
ministro da Saúde, Ricardo Barros. Explicou ainda que a legislação
anterior não considerava as especificidades locais, como o perfil
social, nem atendiam bairros com menor número de habitantes. A
estimativa é que 30% dos serviços de equipes de atenção básica não
recebiam recursos federais devido às regras vigentes.
Outra novidade que vai facilitar a contratação de profissionais de
saúde na Atenção Básica é a flexibilização da carga-horária. Ao invés de
o mesmo profissional cumprir 40h, o que dificultava a oferta de
mão-de-obra, as prefeituras vão poder contratar até três profissionais
de mesma categoria para cumprir as 40h semanais de sua área de atuação.
Cada profissional deve cumprir um mínimo de 10 horas.
O documento, aprovado na CIT, onde participam representantes das
secretarias estaduais e municipais de saúde de todo o país, ficou em
consulta pública por dez dias e recebeu 6.281 contribuições. A proposta
também passou pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS). Agora,
segue para publicação no Diário Oficial da União.
“Foi um longo debate, que envolveu um esforço grande de todas as
partes, mas finalmente chegamos a um senso que beneficia,
principalmente, a população, que terá mais acesso, acolhimento e
atendimento. Tenho certeza que essas mudanças trarão avanços práticos
bastante significativos e promoverá maior resolutividade na Atenção
Básica, ajudando a desafogar os prontos socorros, UPAs e hospitais
gerais. É com orgulho que estamos oficialmente aprovando a revisão desta
importante Política pública”, resumiu Ricardo Barros.
Para o presidente do Conasems, Mauro Junqueira, esse é um momento de
renovação da assistência existente. “Foram inúmeras reuniões, dois
congressos, muita discussão e todos os estados envolvidos. Não chegamos
aqui à toa e sabemos o quão difícil foi, mas por fim temos que
reconhecer o grande avanço que é estar pactuando hoje a revisão desta
política, que certamente nos dará condição de continuar na construção e
avanço na Atenção Básica como ação prioritária para o SUS”, completou.
SERVIÇOS ESSENCIAIS – Todas as Unidades Básicas de
Saúde passarão a oferecer um conjunto de serviços essenciais para a
saúde da população. Hoje, nem todas as unidades ofertam serviços como
pré-natal, acompanhamento de hipertensos e diabéticos, procedimentos
cirúrgicos de pequena complexidade e aplicação de vacinas. A medida
ainda deve ampliar o número de equipes que recebem assistência dos
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Atualmente, os NASF apoiam
somente as Equipes de Saúde da Família. Com a revisão, os NASF passarão a
apoiar também outras equipes da Atenção Básica nas UBS. Cada unidade
também receberá a indicação de um gerente.
Outra ação é facilitar o atendimento ao cidadão em todas as unidades
de saúde. Atualmente, o acompanhamento do usuário é vinculado ao
endereço da sua residência. A mudança permitirá o tratamento do usuário
em mais de uma unidade, podendo ser próximo da sua casa, do trabalho, ou
outra UBS de sua escolha. Vale destacar que, com a implantação do
Prontuário Eletrônico em todas as UBS, a população poderá ser atendida
em qualquer unidade de saúde.
É importante destacar que os recursos, credenciamentos e habilitações
das Equipes de Saúde da Família continuarão sendo prioritários e
maiores, tendo em vista que elas permanecem como estratégia prioritária
para expansão da Atenção Básica.
O presidente do Conass, Michele Caputo, reconhece que é um avanço e
que é preciso trabalhar em conjunto para que essas mudanças sejam
implementadas. “Toda política está condicionada a ser revisada. A partir
de agora os municípios terão autonomia para reorganizar a Atenção
Básica local e serão estimulados a colocar em prática o novo modelo”,
reforçou.
INVESTIMENTOS – Prioridade da atual gestão, a
Atenção Básica tem recebido constantemente recursos do Governo federal.
Em 2016, o orçamento destinado à Atenção Básica em todo o Brasil foi de
R$ 17,3 bilhões e o valor a ser investido em 2017 é de R$ 19,1 bilhões,
registrando um aumento real de 10,4%. Em julho deste ano, a pasta
liberou R$ 2 bilhões para o custeio de 12.138 novos agentes comunitários
de saúde, 3.103 novas equipes de Saúde da Família, 2.299 novas equipes
Bucal, 882 novos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, 113 novas equipes
de Saúde Prisional e 34 novos consultórios na rua.
A medida, que beneficia 1.787 municípios e representa cobertura de
mais 22 milhões de pessoas na atenção básica, também prevê o
credenciamento de 34 Unidades Odontológicas Móveis (UOMs) e a aquisição
de 10 mil cadeiras para consultórios odontológicos, com raio-x, que
funcionam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Atualmente, existem 41.025 Equipes de Saúde da Família credenciadas
em 5.451 municípios brasileiros, cobrindo 65% da população (126,1
milhões de pessoas) ao custo de R$ 275 milhões. Com os novos
investimentos, 68% da população brasileira passam a contar com a
cobertura das Equipes de Saúde da Família. Ao todo, serão mais 6.431
novas equipes atuando na Atenção Básica para todos os estados do País,
ao custo de R$ 771,2 milhões por ano para custeio dos serviços.
Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/29413-nova-politica-amplia-financiamento-na-atencao-basica
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