sábado, 31 de março de 2018

Abril Azul: (Campanha de Conscientização do Autismo)

Dia Mundial da Conscientização do Autismo, ou simplesmente Dia Mundial do Autismo, é comemorado dia 2 de Abril.


A data serve para ajudar a conscientizar a população mundial sobre o Autismo, um transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo.


Origem do Dia Mundial do Autismo

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 18 de Dezembro de 2007, com o intuito de alertar as sociedades e governantes sobre esta doença, ajudando a derrubar preconceitos e esclarecer a todos.
 

Dia do Autismo no Brasil

No Brasil, o Dia Mundial do Autismo é celebrado com palestras e eventos públicos que acontecem por várias cidades brasileiras. O objetivo é o mesmo em todo o lugar, ajudar a conscientizar e informar as pessoas sobre o que é o Autismo e como lidar com a doença.
Nesta data, vários pontos turísticos do país são iluminados de azul, cor que simboliza o Autismo.

O que é Autismo, sintomas, tipos (infantil, leve) e mais


O que é Autismo

O Autismo, também conhecido como Transtornos do Espectro Autista (TEA), são transtornos que causam problemas no desenvolvimento da linguagem, nos processos de comunicação, na interação e comportamento social da criança.  Atualmente, estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo todo possuem algum tipo de autismo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com relação ao Brasil, esse número passa para 2 milhões. Uma pesquisa atual realizada neste ano do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) diz que o autismo atinge ambos os sexos e todas as etnias, porém o número de ocorrências é maior entre o sexo masculino (cerca de 4,5 vezes).
Esse transtorno não possui cura e suas causas ainda são incertas, porém ele pode ser trabalhado, reabilitado, modificado e tratado para que, assim, o paciente possa se adequar ao convívio social e às atividades acadêmicas o melhor possível. Quanto antes o Autismo for diagnosticado melhor, pois o transtorno não atinge apenas a saúde do indivíduo, mas também de seus cuidadores, que, em muitos casos, acabam se sentindo incapazes de encararem a situação.

Nomenclaturas para o Autismo

Com o passar dos anos, o Autismo recebeu diversos nomes para ser representado. Entre eles estão:
  • Transtorno do Espectro Autista;
  • Condição do Espectro do Autismo;
  • Autismo Clássico;
  • Autismo Kanner;
  • Transtorno Invasivo do Desenvolvimento;
  • Autismo de Alto Funcionamento;
  • Síndrome de Asperger;
  • Demanda Patológica Avoidance.
Atualmente, por conta das mudanças recentes e dos principais manuais de diagnóstico, o termo que abrange todos os outros e que será o mais comumente na hora do diagnóstico é o primeiro da lista, isto é, Transtorno do Espectro Autista.

Tipos e Níveis de Gravidade do Autismo

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), são existentes 3 tipos de Autismo:
  • Síndrome de Asperger;
  • Transtorno Invasivo do Desenvolvimento;
  • Transtorno Autista.
Outros 2 tipos também são anexados a esses, só que dessa vez pelo Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais:
  • Síndrome de Rett;
  • Transtorno Desintegrativo da Infância.
Entenda melhor o que é cada tipo logo abaixo.

Síndrome de Asperger

A Síndrome de Asperger é a forma mais leve do espectro autista. As crianças que a possuem normalmente se tornam extremamente obsessivos por um único objeto e também se interessam demais pelo seu assunto preferido, podendo discuti-lo por horas a fio, sem parar.
A síndrome afeta três vezes mais os meninos e, quem a desenvolve, normalmente possui inteligência acima da média. Por conta disso, alguns médicos a chamam de “Autismo de Alto Funcionamento”. Em contrapartida, quando esses pacientes atingem a fase adulta, o risco de depressão e/ou ansiedade se desenvolverem é muito alta.


Transtorno Invasivo do Desenvolvimento

Crianças que possuam um tipo de autismo um pouco mais grave do que a Síndrome de Asperger e um pouco mais leve do que o Transtorno Autista são diagnosticadas com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.
Pelo fato dos sintomas desse tipo de transtorno variarem bastante, pode-se dizer que os mais comuns são:
  • Interação social prejudicada;
  • Competência linguística razoável superior ao Transtorno Autista, mas inferior a Síndrome de Asperger;
  • Menos comportamentos repetitivos.

Transtorno Autista

Todas as crianças que possuam sintomas mais rígidos do que os citados anteriormente possuem o transtorno autista. O funcionamento da capacidade social, cognitiva e linguística é bastante afetado, além de possuírem comportamentos repetitivos.

Síndrome de Rett

Por mais que as crianças com esse problema possuam comportamentos muito parecidos com os autistas, a Síndrome de Rett não está relacionada ao espectro autista. Especialistas dizem que a mutação presente na síndrome acontece de forma aleatória ao invés de ser herdada e ela afeta, em sua maioria, crianças do sexo feminino. A síndrome é caracterizada por alguns itens e aparecem entre o 6º e o 18º mês da criança:
  • Para de responder socialmente;
  • Torce demais as mãos, o que se torna um hábito;
  • Perde competências linguísticas;
  • O crescimento da cabeça diminui significativamente e, por 2 anos, é muito abaixo do normal.

Transtorno Desintegrativo da Infância

Esse tipo de autismo é o mais grave de todos os presentes no Espectro Autista, porém também é o menos comum cerca de 2 crianças de 100 mil são diagnosticadas com Transtorno Desintegrativo da Infância.
Quanto aos sintomas, pode-se dizer que depois de um período de desenvolvimento normal, geralmente entre 2 e 4 anos de idade, a criança com esse tipo de transtorno perde de maneira muito brusca as habilidades sociais, linguísticas e intelectuais. Além disso, essas funções perdidas não são mais recuperadas.
Além desses tipos apresentados, o Transtorno do Espectro Autista também é dividido em graus e você pode verificar quais são cada um deles no seguinte quadro:

Tratamentos do Autismo

Ao longo das últimas duas décadas, com o aumento do número de bebês e crianças diagnosticadas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), houve uma necessidade de intervenções efetivas e apropriadas para crianças e suas famílias. A preferência para instrução deve ser em a) comunicação funcional, espontânea; b) instrução social em diferentes contextos; c) habilidades em jogos, com foco na interação com o outro; d) manutenção de habilidade nova e generalização em contextos naturais; e e) avaliação funcional e apoio a atitude positiva  para abordar problemas comportamentais. Os efeitos da intervenção devem ser avaliados regularmente com intervalos de 3 a 6 meses, focando em: a) habilidades sociais; b) habilidades comunicativas; c) habilidades adaptativas; d) habilidades organizacionais. O Quadro abaixo mostra as características essenciais de intervenções efetivas para crianças com TEA. A falta de progresso significante em qualquer campo, dentro de um período de 3 a 6 meses, deve incitar a modificação da abordagem ou intensidade do tratamento.
Características essenciais de intervenções efetivas para crianças com Transtorno do Espectro Autista.
1) Iniciar os programas de intervenção o mais cedo possível.
2) Tratamento intensivo, 5 dias por semana, por no mínimo 5 horas por dia.
3) Uso de oportunidades de ensino planejado repetidas, que sejam estruturadas durante breves períodos de tempo.
4) Suficiente atenção adulta, individualizada e diária.
5) Inclusão de um componente familiar, incluindo treinamento para os pais.
6) Mecanismos para avaliação contínua, com ajustes correspondentes na programação.

Abordagens de Tratamento do Autismo

Treinamento dos pais

A participação dos pais e dos familiares é considerada um elemento essencial nos programas de intervenção para crianças com autismo.O pressuposto básico do treinamento comportamental dos pais, é que o comportamento das crianças é aprendido e mantido através de contingências dentro do contexto familiar, e que os pais podem ser ensinados a mudar essas contingências para promover e reforçar o comportamento adequado.
Evidências envolvendo crianças apóiam a recomendação de treinamento para os pais como um método efetivo para o aumento de habilidades sociais. No entanto, a maneira com a qual os pais são incorporados no processo de intervenção é importante, assim como a individualização do programa de educação parental para se considerar diferentes circunstâncias e necessidades familiares; nem todos os pais se beneficiam dos programas de educação parental comportamental tradicionais. A educação parental parece funcionar melhor com adultos altamente motivados e com bom funcionamento, que não estejam lidando com estresses de vida ou estresses psicológicos adicionais, o que interfere na aquisição e na implementação de estratégias parentais positivas.

Análise Aplicada do Comportamento

A Análise Aplicada do Comportamento (ABA – Applied behavior analysis) é a ciência da mudança de comportamento na qual procedimentos oriundos dos princípios da aprendizagem operante são aplicados para melhorar o comportamento socialmente adaptável e a aquisição de novas habilidades através de práticas intensas e reforço direcionado. A ABA utiliza um processo que começa com o desenvolvimento de planos de tratamento, mostrando o motivo e a função de excessos e deficiências de comportamento, seleção de técnicas apropriadas, e modificação e avaliação contínuas do tratamento através de coleta de dados sistemática. As avaliações funcionais de comportamento são um conjunto de avaliações de estratégias que fornecem informações sobre as variáveis associadas com um comportamento específico.As técnicas de aprendizado operantes usadas na intervenção da ABA para crianças com TEA são:
  • Reforço positivo: uso de prêmio, lanche, comida, brinquedos para aumentar comportamentos desejáveis;
  • Moldagem: recompensa por aproximações ou componentes de um comportamento desejável, até que esse comportamento almejado seja alcançado;
  • Desvanecimento: redução de instruções para aumentar a independência;
  • Extinção: remoção de reforço, mantendo um problema comportamental;
  • Punição: aplicação de estímulo indesejável para reduzir problemas comportamentais;
  • Reforço diferencial: reforço de uma alternativa socialmente aceitável ou a falta de um comportamento;
Programas de intervenção baseados na ABA são atualmente vistos como tratamentos de primeira linha para o TEA no início da infância. Tanto o modelo UCLA/Lovaas quanto o Early Start Denver Model (ESDM), que são programas amplos na intervenção precoce, criados na estrutura da ABA, possuem relatórios de pesquisas de alta qualidade documentando suas eficácias,especialmente na melhoria do desempenho cognitivo, habilidades lingüísticas, e comportamento adaptativo. No entanto, nos primeiros estudos avaliando os benefícios do ESDM, mesmo depois de dois anos de intervenção intensiva (com mais de 20 horas semanais), todas as crianças no grupo de tratamento ativo ainda atendiam aos critérios do TEA, documentando o desafio da melhora de déficits sociais. A Intervenção Comportamental Intensiva Precoce (EIBI – Early Intensive Behavioral Intervention) é uma estratégia utilizada nos estudos Lovaas  e é o modelo ABA com o suporte empírico mais forte até o momento. A EIBI utiliza abordagens de ensino operantes para reduzir problemas comportamentais e formação de julgamento discreta para desenvolver novas habilidades, como atenção, imitação, recepção/expressão de discurso e competências para a vida. As principais características do EIBI são:
  • Foco no desenvolvimento precoce (crianças com menos de 5 anos de idade);
  • Intensidade (instruções individuais ou em pequenos grupos, de 20 à 40 horas por semana);
  • Métodos direcionados à adultos;
  • Abordagem sistemática (dividindo habilidades em componentes básicos);
  • Caráter abrangente (ex. os objetivos incluem comunicação, socialização, comportamentos adaptativos, comportamentos problemáticos).

Tratamento e Educação para Crianças Autistas e Crianças com Déficit relacionados com  a Comunicação (TEACCH)

O TEACCH é um serviço clínico e programa de treinamento profissional baseado na sala de aula, desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, e iniciado em 1972 por Eric Schopler.Esse programa tem sido amplamente incorporado nos contextos educativos norte americanos, e tem contribuído significativamente para uma base concreta de intervenções do autismo. A abordagem do TEACCH é chamada de estrutura de ensino porque tem como base a evidência e a observação de que indivíduos com autismo compartilham um padrão de comportamentos, como as formas que os indivíduos pensam, comem, se vestem, compreendem seu mundo e se comunicam. Os mecanismos essenciais da estrutura de ensino consistem na organização do ambiente e atividades de maneiras que possam ser compreendidas pelos indivíduos;  no uso dos pontos fortes dos indivíduos em habilidades visuais e interesse em detalhes visuais para suprir habilidades relativamente mais fracas; no uso dos interesses especiais dos indivíduos para engajá-los no aprendizado; e apoio ao uso de iniciativa própria em comunicação significativa.

Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

Um crescente número de relatórios começaram a fornecer evidências moderadas para a eficácia da abordagem da TCC para crianças em idade escolar e jovens adolescentes com TEA. Melhoras na ansiedade, na auto-ajuda e nas habilidades do dia-a-dia têm sido relatadas, com 78% das crianças de 7 a 11 anos no grupo tratado com a TCC classificadas com uma resposta positiva em um teste.Tais descobertas encorajam a consideração de abordagens da TCC modificadas para abordar a ansiedade em crianças com TEA que tenham alto nível funcional, o que é importante, considerando que de 30 a 40% das crianças com TEA relatam níveis altos de sintomas relacionados à ansiedade.

Tratamento farmacológico para sintomas-alvo

O tratamento farmacológico no TEA é altamente empregado como uma abordagem de tratamento adjuvante na maioria dos indivíduos com TEA ao longo da vida. As melhores metas estabelecidas pela farmacoterapia são para controlar sintomas-alvos associados, como a insônia, hiperatividade, impulsividade, irritabilidade, auto e hetero agressões , falta de atenção, ansiedade, depressão, sintomas obsessivos, raivas, ataques de cólera, comportamentos repetitivos ou rituais. Inúmeros estudos têm relatado um aumento na prevalência de comorbidades psiquiátricas nessa população.Até o momento, não há medicações disponíveis para tratar os déficits sociais e de comunicação centrais do autismo, embora este seja um assunto de intensos esforços na pesquisa, com agentes como arbaclofen, ocitocina, e mGluR5, antagonistas como exemplos de potenciais tratamentos modificadores de desordem sob estudo.
Com base nos relatos dos pais, os comportamentos mais difíceis das crianças com TEA são limite baixo para frustrações, distração, irritabilidade, falta de atenção, hiperatividade, repetição compulsiva, isolamento, instabilidade de humor e movimentos de mãos estereotipados.
A TEA representa uma grande preocupação na saúde pública como sendo um distúrbio do desenvolvimento neurológico prevalente, com risco acentuado para a falha de adaptação em situações sociais, educacionais e psicológicas. Porque a identificação de atrasos e desvios da TEA são possíveis desde os 18-24 meses de idade, pediatras devem se esforçar para identificar e começar a intervenção em crianças com TEA tão cedo quanto os sinais se manifestarem. Escalas e instrumentos específicos devem ser usados para avaliar manifestações clínicas, e guiar a construção e monitoria de programas de tratamento abrangentes. Uma verdadeira recuperação do autismo não foi relatada na história, mas terapias educacionais, psicossociais e linguísticas, frequentemente combinadas com tratamentos adjuvantes, como terapia com drogas para sintomas específicos, estão bem estabelecidas para seus benefícios no TEA. A natureza complexa e persuasiva do TEA requer uma equipe de múltiplos profissionais para um diagnóstico apurado e cuidados clínicos.
 Fonte:
http://autismo.institutopensi.org.br/informe-se/sobre-o-autismo/tratamentos-do-autismo/ 
https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-autismo-sintomas-tipos-infantil-leve-e-mais/ 
http://www.engemed.med.br/2017/04/06/abril-azul-dia-mundial-da-conscientizacao-do-autismo/ 

sábado, 24 de março de 2018

Novo avanço para vacina contra AIDS

Pesquisa conseguiu mapear o ataque do sistema imunológico ao vírus HIV

 

 Um estudo publicado na revista Nature renovou as esperanças para o desenvolvimento de uma vacina preventiva contra a AIDS. Acompanhando durante anos um paciente africano que faz parte de um pequeno grupo de portadores que consegue produzir uma forte resposta imunológica ao HIV, cientistas conseguiram seguir e mapear a "corrida" entre os anticorpos e o vírus.
O HIV é um vírus de mutação muito rápida. O da gripe, por exemplo, muda a cada ano, mas o da AIDS, depois infectar uma pessoa, pode mudar em alguns dias ou a cada semana, tornando ineficaz as respostas imunológicas do corpo, que não conseguem ser tão rápidas quanto o invasor. A ideia da pesquisa é usar esse conhecimento para criar uma vacina preventiva, que induza a produção de anticorpos para as várias fases de mutação do vírus. Isso daria grande vantagem ao organismo nessa corrida, que poderia ser eficaz no ataque desde o primeiro dia do contágio.

"A beleza do novo estudo é a grande pista dos passos sequenciais que o vírus e os anticorpos tomam conforme evoluem", disse o doutor Anthony S. Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, que financiou a pesquisa. Outras entidades também fazem parte do grupo de pesquisa, como a Universidade de Duke, de Colúmbia, Stanford, da Pensilvânia entre outras.

Segundo o pesquisador Louis J. Picker, especialista em vacinas da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, o mapa dessas evoluções entre o HIV e os anticorpos é, sim, um avanço, mas neste momento do estudo é como um mapa do mundo do ano 1400: "Nós ainda não sabemos como transformar isso em uma vacina".

A ONU estima que quase 1% da população mundial seja portadora do vírus HIV.

 

Médicos acreditam que cura do HIV virá até 2020

Pesquisadores investem no combate aos reservatórios do vírus no organismo

 

SÃO PAULO — Parcela significativa da comunidade médica mundial não tem dúvida: a cura para o HIV é possível e virá dentro de poucos anos. O que, no auge da epidemia, sequer era discutido, hoje é encarado como meta.

 — Se me perguntassem três anos atrás se o HIV tem cura, minha resposta seria não. Hoje, é sim — disse, na última quarta-feira, durante uma conferência sobre o tema em São Paulo, Mario Stevenson, chefe da Divisão de Doenças Infecciosas e diretor do Instituto de Aids da Universidade de Miami, nos EUA.

A mudança de opinião parece abrupta, mas ele mal piscou enquanto justificava a nova posição:
— Surgiram tantos estudos nesses últimos anos, e todos tão bem embasados e promissores, que é difícil, como médico, não enxergar um caminho para a cura — ressaltou ele, que é virologista molecular e trabalha com HIV/Aids há mais de 25 anos.

Stevenson foi um dos palestrantes do encontro promovido na última semana pela amfAR, a Fundação para Pesquisa da Aids, na Escola da Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Nessa conferência, foi reafirmado o compromisso da fundação com a iniciativa batizada em 2015 de “Contagem Regressiva”, que estipula o ano de 2020 como o prazo para a descoberta de uma cura para o HIV. Não significa que a população que vive com o vírus começará a ser curada nessa data, mas sim que um método científico de cura deverá ser encontrado e validado.

RESERVATÓRIOS VIRAIS SÃO A CHAVE

Segundo a fundação, que é a maior agência sem fins lucrativos de fomento à pesquisa sobre esse tema no mundo, a “mágica” para chegar à cura é encontrar um meio eficiente de eliminar o que são conhecidos como reservatórios virais. Quando o indivíduo infectado com HIV se trata, tomando os medicamentos antirretrovirais, o vírus não some do corpo, mas fica latente, “adormecido” dentro de algumas células. Nos muitos casos em que o tratamento é bem-sucedido, a carga viral se torna indetectável. Isso é ótimo para o paciente, que, apesar de ter que tomar esses remédios durante toda a vida, não irá sofrer com os efeitos físicos da Aids. No entanto, é ruim para os esforços que buscam eliminar completamente o vírus do corpo.

Isso se explica pelo fato de que, com o HIV indetectável no organismo, os pesquisadores não conseguem saber onde estão as células infectadas. Os reservatórios virais ficam, então, invisíveis. E identificá-los é o primeiro de quatro passos para acabar com o HIV. O segundo é entender, cientificamente, o que mantém esses reservatórios vivos. Depois, mensurar quantas e quais células estão neles. E, por fim, retirar todas elas do corpo.

A reação imediata de quem se depara com esse passo a passo é pensar que a teoria é bem mais simples do que a prática. É verdade, mas essa “rota” já teve êxito uma vez, resultando na única pessoa com HIV que foi curada até hoje: Timothy Ray Brown, mais conhecido como “o paciente de Berlim”. Ele, que é americano, foi infectado em 1995 e, em 2006, descobriu estar com leucemia. Brown começou, então, a se tratar em um hospital ligado a uma universidade de Berlim, e seu médico, o hematologista Gero Huetter, fez nele um transplante de medula óssea de um doador que possuía uma mutação genética capaz de tornar seu organismo imune ao HIV. Tratava-se de uma raríssima mutação no gene CCR5. Desde então, o paciente não só está curado do câncer, como também não toma antirretrovirais e não tem vestígio de HIV.

Mas, então, por que não usar o transplante de medula óssea para curar quem é soropositivo?

— Essa cirurgia tem taxa de mortalidade de 25%, os custos são muito altos e é extremamente difícil conseguir um doador compatível com o paciente que tenha também a mutação no gene CCR5 — responde Mario Stevenson.

Ainda assim, o caso do “paciente de Berlim” melhorou muito a compreensão de como funciona o HIV e de como se poderia reproduzir esse resultado sem passar pelos riscos de um transplante. Aliás, uma pesquisa colaborativa na Europa busca reproduzir o caso de Brown, debruçando-se sobre células-tronco.

Outra iniciativa, de um grupo de pesquisadores da Austrália, envolve a utilização de drogas anticâncer em pacientes soropositivos, estudo que já se encontra em fase de testes em humanos. Existe também um grupo de pesquisa que reúne cientistas de Estados Unidos, Dinamarca e Alemanha que está combinando anticorpos como uma droga. Juntas, essas substâncias tiram o vírus do seu estado de latência — é como se “acordassem” o HIV, que fica adormecido por conta do remédios antirretrovirais, e o obrigasse a sair de seu esconderijo na célula. Essa pesquisa está, atualmente, em testes clínicos. Em outro estudo, também abordando anticorpos, foram realizados testes em quatro macacos infectados. Os animais receberam injeções de anticorpos que forçam o vírus a se manifestar e, em paralelo, são eliminados. Um desses macacos foi curado. O estudo, no entanto, só deve ser publicado em revista científica daqui a pelo menos um mês.

Esper Kallás, professor de Imunologia Clínica da USP, pondera que 2020 está perto demais para garantir uma cura comprovada e viável até lá, mas garante que ela está a caminho.
— Eu acredito que ainda vou estar vivo para ver essa cura. Estamos muito mais próximos do que jamais estivemos — defendeu ele, que participa de um estudo liderado pela Universidade George Washington, nos EUA, chamado “Projeto Believe”, com a intenção de usar agentes de imunoterapia para eliminar reservatórios virais.
 
O que Kallás mais teme, no entanto, é que os cortes de verbas para pesquisa que têm ocorrido no Brasil e em outras partes do mundo virem um entrave para esses avanços.
Hoje, existem 44 milhões de pessoas com HIV no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No último relatório do Ministério da Saúde, foram contabilizados no Brasil 842 mil infectados. No entanto, estima-se que sejam, na verdade, mais de 1,2 milhão, por conta de problemas de testagem.

Fonte:

sábado, 17 de março de 2018

Novo Protocolo garante tratamento de hepatite C para todos os brasileiros

Deverão ser tratadas 657 mil pessoas nos próximos anos para hepatites virais. No caso da hepatite C, a expectativa é ofertar tratamento para mais 50 mil pessoas somente neste ano.  



 Todos as pessoas diagnosticados com Hepatite C contarão com tratamento gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS), independentemente do dano no fígado. A atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas das Hepatites Virais foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (15/3). A ampliação da assistência faz parte da estratégia do Ministério da Saúde que visa atingir a meta de eliminar a enfermidade até 2030. A universalização do tratamento foi anunciada ano passado pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante a abertura da Cúpula Mundial de Hepatites 2017 – World Hepatitis Summit. O evento reuniu Ministros da Saúde, especialistas em saúde pública e ONGs para discutir a eliminação das hepatites virais em todo o mundo.

 “Este é mais um passo que o Brasil dá para garantir amplo acesso ao tratamento de hepatites, compromisso assumido por esta gestão” enfatizou o ministro Ricardo Barros. A expectativa é tratar 657 mil pessoas nos próximos anos para hepatites virais. No caso da hepatite C, a expectativa é ofertar tratamento para mais 50 mil pessoas neste ano.

O novo documento atualiza a ampliação do tratamento, diminuindo o tempo e melhorando a qualidade da assistência, na medida em que proporciona menos efeitos colaterais. Com o novo protocolo, o Ministério amplia o tratamento a todos os pacientes, permitindo inclusive alternativas para aqueles que não tiverem obtido a resposta virológica em tratamentos anteriores.
O protocolo também traz novas indicações de tratamento, como nos casos de coinfecção hepatite B e C que serão priorizados, independente do grau de fibrose; ampliação do acesso aos pacientes com Hemoglobinopatias e outras anemias hemolíticas, hemofilia e outras coagulopatias hereditárias que acentuam a evolução da lesão hepática.


NOVOS MEDICAMENTOS

Também foi publicada hoje no Diário Oficial, a incorporação de novas de terapias para Hepatite C com genótipo 1 e 4, que inclui os medicamentos elbasvir + grazoprevir e ledispavir + sofosbuvir. Além de serem drogas com a mesma eficácia, são mais modernas e provocam menos efeitos colaterais. A incorporação também impacta na ampliação da oferta, já que, de acordo com as avaliações realizadas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), esses medicamentos possuem custo menor.
Também foram incorporados métodos não invasivos para avaliar fibrose e indicação de tratamento imediato: APRI e FIB4 como primeira escolha. Antes era necessário biópsia hepática ou elastografia que comprovassem o grau de fibrose F3 ou F4 ou F2 há mais de 3 anos.
O novo protocolo possibilita também o tratamento para casos recém-diagnosticados com doença hepática avançada. Antes era necessário que o paciente apresentasse duas cargas virais com intervalo de 6 meses para que comprovasse a hepatite crônica , independente do grau de fibrose. Outra novidade é a extensão do tratamento de 12 para 24 semanas para os casos de Genótipo 3 com cirrose. Isso se deu devido aos resultados insatisfatórios do tratamento de 12 semanas.
Também são indicados ao tratamento, pacientes F2 diagnosticado por elastografia há mais de 3 anos. Antes, o paciente portador de lesão hepática fibrose F2 tinha acesso ao tratamento caso apresentasse biópsia há mais de 3 anos. Atualmente o paciente que tiver o diagnóstico de F2 através da elastografia também terá acesso ao tratamento. Outra indicação contemplada no novo protocolo são os portadores de genótipo 5 e 6. Não havia até 2015 – data do último protocolo – casos identificados do genótipo 5 e 6  no nosso Sistema de Gerenciamento de Ambiente Laboratorial (GAL).
Fonte:
http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42807-novo-protocolo-garante-tratamento-de-hepatite-c-para-todos-os-brasileiros 

terça-feira, 6 de março de 2018

Ministério da Saúde convoca população para doar sangue

Hemocentros do país alertaram a pasta sobre a baixa nos estoques. Estados que registram casos de febre amarela apresentam mais queda nas doações


 O Ministério da Saúde alerta a população de todo o país sobre a queda de doação de sangue que tem impactado os estoques de várias cidades de acordo com relatos dos hemocentros. A pasta reforça a importância da doação regular, sensibilização de novos voluntários e dos já existentes doadores. As doações de sangue habitualmente são menores em todo o país nos períodos de férias escolares e feriados prologados, o que ocasiona uma redução nos estoques de sangue. Estados que registram casos de Febre Amarela apresentam maiores quedas, pois quem é vacinado contra a doença fica inapto para doar sangue durante quatro semanas.


Uma das prioridades do Ministério da Saúde é manter os estoques de sangue abastecidos. Assim, é importante lembrar os doadores da importância da doação antes de viajar ou de se vacinar contra a febre amarela. Os serviços de hemoterapia trabalham com esta perspectiva, mobilizando a população durante estes períodos críticos para que não haja baixa nos estoques.
“O sangue é insubstituível. Ainda não existe nenhum tipo de medicamento que possa substituir a doação de sangue. E quem precisa, só consegue graças à generosidade de quem doa. O importante é doar regularmente, pois em períodos de férias e seca, a tendência é diminuir os estoques. Vale lembrar que uma doação pode beneficiar até quatro pessoas”, reforçou o coordenador da área de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Flávio Vormittag.
No Brasil, são feitas cerca de 3,4 milhões de doações de sangue por ano. Dados de 2016 indicam que 1,6% da população brasileira – 16 a cada mil habitantes – doa sangue. Embora o percentual fique dentro dos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS) – de pelo menos 1% da população – o Ministério da Saúde tem se esforçado para aumentar a taxa. Em 2017, o Ministério da Saúde investiu R$ 1,2 bilhão na rede de sangue e hemoderivados (Hemorrede). Os recursos foram destinados a estruturação da rede nacional para a modernização das unidades, qualificação dos profissionais e processos de produção da Hemorrede, além do fornecimento de medicamentos de alto custo a pacientes para atenção aos pacientes portadores de doenças hematológicas.
Atualmente, o Brasil possui 32 hemocentros coordenadores e 2.033 serviços de hemoterapia, incluindo hemocentros regionais, núcleos de hemoterapia, unidades de coleta e transfusão, central de triagem laboratorial de doadores e agências transfusionais. A doação de sangue é 100% voluntária e beneficia qualquer pessoa independente de parentesco com o doador.
É importante lembrar que o sangue é essencial para os atendimentos de urgência, realização de cirurgias de grande porte e tratamento de pessoas com doenças crônicas, como a Doença Falciforme e a Talassemia, além de doenças oncológicas variadas que, frequentemente, necessitam de transfusão sanguínea.

CONDIÇÕES PARA DOAR

No Brasil, pessoas entre 16 e 69 anos podem doar sangue. Para os menores de 18 anos é necessário o consentimento dos responsáveis e, entre 60 e 69 anos, a pessoa só poderá doar se já o tiver feito antes dos 60 anos. Além disso, é preciso pesar, no mínimo, 50 quilos e estar em bom estado de saúde. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e não estar de jejum. No dia, é imprescindível levar documento de identidade com foto.
A frequência máxima é de quatro doações anuais para o homem e de três doações anuais para a mulher. O intervalo mínimo deve ser de dois meses para os homens e de três meses para as mulheres.

REFERÊNCIA

O Brasil é referência em doação de sangue na América Latina, Caribe e África. Desde 2009, a experiência brasileira é utilizada em cooperações técnicas com vários países para o fortalecimento e desenvolvimento da promoção da doação voluntária de sangue, qualificação da atenção integral à pessoa com Doença Falciforme e aperfeiçoamento da produção de hemocomponentes. Honduras, El Salvador e República Dominicana são exemplos de parceiros em projetos para o fortalecimento da doação voluntária de sangue.
Fonte:
http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42673-ministerio-da-saude-convoca-populacao-para-doar-sangue 

  TRANSFERÊNCIA DE DATA DO PROGRAMA DE SAÚDE PREVENTIVA TRIUNFO - RS TRANSFERIDO PARA DATA  AINDA NÃO MARCADA  Saudações a todos. Prezadas (...