sábado, 31 de março de 2018

Abril Azul: (Campanha de Conscientização do Autismo)

Dia Mundial da Conscientização do Autismo, ou simplesmente Dia Mundial do Autismo, é comemorado dia 2 de Abril.


A data serve para ajudar a conscientizar a população mundial sobre o Autismo, um transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo.


Origem do Dia Mundial do Autismo

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 18 de Dezembro de 2007, com o intuito de alertar as sociedades e governantes sobre esta doença, ajudando a derrubar preconceitos e esclarecer a todos.
 

Dia do Autismo no Brasil

No Brasil, o Dia Mundial do Autismo é celebrado com palestras e eventos públicos que acontecem por várias cidades brasileiras. O objetivo é o mesmo em todo o lugar, ajudar a conscientizar e informar as pessoas sobre o que é o Autismo e como lidar com a doença.
Nesta data, vários pontos turísticos do país são iluminados de azul, cor que simboliza o Autismo.

O que é Autismo, sintomas, tipos (infantil, leve) e mais


O que é Autismo

O Autismo, também conhecido como Transtornos do Espectro Autista (TEA), são transtornos que causam problemas no desenvolvimento da linguagem, nos processos de comunicação, na interação e comportamento social da criança.  Atualmente, estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo todo possuem algum tipo de autismo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com relação ao Brasil, esse número passa para 2 milhões. Uma pesquisa atual realizada neste ano do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) diz que o autismo atinge ambos os sexos e todas as etnias, porém o número de ocorrências é maior entre o sexo masculino (cerca de 4,5 vezes).
Esse transtorno não possui cura e suas causas ainda são incertas, porém ele pode ser trabalhado, reabilitado, modificado e tratado para que, assim, o paciente possa se adequar ao convívio social e às atividades acadêmicas o melhor possível. Quanto antes o Autismo for diagnosticado melhor, pois o transtorno não atinge apenas a saúde do indivíduo, mas também de seus cuidadores, que, em muitos casos, acabam se sentindo incapazes de encararem a situação.

Nomenclaturas para o Autismo

Com o passar dos anos, o Autismo recebeu diversos nomes para ser representado. Entre eles estão:
  • Transtorno do Espectro Autista;
  • Condição do Espectro do Autismo;
  • Autismo Clássico;
  • Autismo Kanner;
  • Transtorno Invasivo do Desenvolvimento;
  • Autismo de Alto Funcionamento;
  • Síndrome de Asperger;
  • Demanda Patológica Avoidance.
Atualmente, por conta das mudanças recentes e dos principais manuais de diagnóstico, o termo que abrange todos os outros e que será o mais comumente na hora do diagnóstico é o primeiro da lista, isto é, Transtorno do Espectro Autista.

Tipos e Níveis de Gravidade do Autismo

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), são existentes 3 tipos de Autismo:
  • Síndrome de Asperger;
  • Transtorno Invasivo do Desenvolvimento;
  • Transtorno Autista.
Outros 2 tipos também são anexados a esses, só que dessa vez pelo Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais:
  • Síndrome de Rett;
  • Transtorno Desintegrativo da Infância.
Entenda melhor o que é cada tipo logo abaixo.

Síndrome de Asperger

A Síndrome de Asperger é a forma mais leve do espectro autista. As crianças que a possuem normalmente se tornam extremamente obsessivos por um único objeto e também se interessam demais pelo seu assunto preferido, podendo discuti-lo por horas a fio, sem parar.
A síndrome afeta três vezes mais os meninos e, quem a desenvolve, normalmente possui inteligência acima da média. Por conta disso, alguns médicos a chamam de “Autismo de Alto Funcionamento”. Em contrapartida, quando esses pacientes atingem a fase adulta, o risco de depressão e/ou ansiedade se desenvolverem é muito alta.


Transtorno Invasivo do Desenvolvimento

Crianças que possuam um tipo de autismo um pouco mais grave do que a Síndrome de Asperger e um pouco mais leve do que o Transtorno Autista são diagnosticadas com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.
Pelo fato dos sintomas desse tipo de transtorno variarem bastante, pode-se dizer que os mais comuns são:
  • Interação social prejudicada;
  • Competência linguística razoável superior ao Transtorno Autista, mas inferior a Síndrome de Asperger;
  • Menos comportamentos repetitivos.

Transtorno Autista

Todas as crianças que possuam sintomas mais rígidos do que os citados anteriormente possuem o transtorno autista. O funcionamento da capacidade social, cognitiva e linguística é bastante afetado, além de possuírem comportamentos repetitivos.

Síndrome de Rett

Por mais que as crianças com esse problema possuam comportamentos muito parecidos com os autistas, a Síndrome de Rett não está relacionada ao espectro autista. Especialistas dizem que a mutação presente na síndrome acontece de forma aleatória ao invés de ser herdada e ela afeta, em sua maioria, crianças do sexo feminino. A síndrome é caracterizada por alguns itens e aparecem entre o 6º e o 18º mês da criança:
  • Para de responder socialmente;
  • Torce demais as mãos, o que se torna um hábito;
  • Perde competências linguísticas;
  • O crescimento da cabeça diminui significativamente e, por 2 anos, é muito abaixo do normal.

Transtorno Desintegrativo da Infância

Esse tipo de autismo é o mais grave de todos os presentes no Espectro Autista, porém também é o menos comum cerca de 2 crianças de 100 mil são diagnosticadas com Transtorno Desintegrativo da Infância.
Quanto aos sintomas, pode-se dizer que depois de um período de desenvolvimento normal, geralmente entre 2 e 4 anos de idade, a criança com esse tipo de transtorno perde de maneira muito brusca as habilidades sociais, linguísticas e intelectuais. Além disso, essas funções perdidas não são mais recuperadas.
Além desses tipos apresentados, o Transtorno do Espectro Autista também é dividido em graus e você pode verificar quais são cada um deles no seguinte quadro:

Tratamentos do Autismo

Ao longo das últimas duas décadas, com o aumento do número de bebês e crianças diagnosticadas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), houve uma necessidade de intervenções efetivas e apropriadas para crianças e suas famílias. A preferência para instrução deve ser em a) comunicação funcional, espontânea; b) instrução social em diferentes contextos; c) habilidades em jogos, com foco na interação com o outro; d) manutenção de habilidade nova e generalização em contextos naturais; e e) avaliação funcional e apoio a atitude positiva  para abordar problemas comportamentais. Os efeitos da intervenção devem ser avaliados regularmente com intervalos de 3 a 6 meses, focando em: a) habilidades sociais; b) habilidades comunicativas; c) habilidades adaptativas; d) habilidades organizacionais. O Quadro abaixo mostra as características essenciais de intervenções efetivas para crianças com TEA. A falta de progresso significante em qualquer campo, dentro de um período de 3 a 6 meses, deve incitar a modificação da abordagem ou intensidade do tratamento.
Características essenciais de intervenções efetivas para crianças com Transtorno do Espectro Autista.
1) Iniciar os programas de intervenção o mais cedo possível.
2) Tratamento intensivo, 5 dias por semana, por no mínimo 5 horas por dia.
3) Uso de oportunidades de ensino planejado repetidas, que sejam estruturadas durante breves períodos de tempo.
4) Suficiente atenção adulta, individualizada e diária.
5) Inclusão de um componente familiar, incluindo treinamento para os pais.
6) Mecanismos para avaliação contínua, com ajustes correspondentes na programação.

Abordagens de Tratamento do Autismo

Treinamento dos pais

A participação dos pais e dos familiares é considerada um elemento essencial nos programas de intervenção para crianças com autismo.O pressuposto básico do treinamento comportamental dos pais, é que o comportamento das crianças é aprendido e mantido através de contingências dentro do contexto familiar, e que os pais podem ser ensinados a mudar essas contingências para promover e reforçar o comportamento adequado.
Evidências envolvendo crianças apóiam a recomendação de treinamento para os pais como um método efetivo para o aumento de habilidades sociais. No entanto, a maneira com a qual os pais são incorporados no processo de intervenção é importante, assim como a individualização do programa de educação parental para se considerar diferentes circunstâncias e necessidades familiares; nem todos os pais se beneficiam dos programas de educação parental comportamental tradicionais. A educação parental parece funcionar melhor com adultos altamente motivados e com bom funcionamento, que não estejam lidando com estresses de vida ou estresses psicológicos adicionais, o que interfere na aquisição e na implementação de estratégias parentais positivas.

Análise Aplicada do Comportamento

A Análise Aplicada do Comportamento (ABA – Applied behavior analysis) é a ciência da mudança de comportamento na qual procedimentos oriundos dos princípios da aprendizagem operante são aplicados para melhorar o comportamento socialmente adaptável e a aquisição de novas habilidades através de práticas intensas e reforço direcionado. A ABA utiliza um processo que começa com o desenvolvimento de planos de tratamento, mostrando o motivo e a função de excessos e deficiências de comportamento, seleção de técnicas apropriadas, e modificação e avaliação contínuas do tratamento através de coleta de dados sistemática. As avaliações funcionais de comportamento são um conjunto de avaliações de estratégias que fornecem informações sobre as variáveis associadas com um comportamento específico.As técnicas de aprendizado operantes usadas na intervenção da ABA para crianças com TEA são:
  • Reforço positivo: uso de prêmio, lanche, comida, brinquedos para aumentar comportamentos desejáveis;
  • Moldagem: recompensa por aproximações ou componentes de um comportamento desejável, até que esse comportamento almejado seja alcançado;
  • Desvanecimento: redução de instruções para aumentar a independência;
  • Extinção: remoção de reforço, mantendo um problema comportamental;
  • Punição: aplicação de estímulo indesejável para reduzir problemas comportamentais;
  • Reforço diferencial: reforço de uma alternativa socialmente aceitável ou a falta de um comportamento;
Programas de intervenção baseados na ABA são atualmente vistos como tratamentos de primeira linha para o TEA no início da infância. Tanto o modelo UCLA/Lovaas quanto o Early Start Denver Model (ESDM), que são programas amplos na intervenção precoce, criados na estrutura da ABA, possuem relatórios de pesquisas de alta qualidade documentando suas eficácias,especialmente na melhoria do desempenho cognitivo, habilidades lingüísticas, e comportamento adaptativo. No entanto, nos primeiros estudos avaliando os benefícios do ESDM, mesmo depois de dois anos de intervenção intensiva (com mais de 20 horas semanais), todas as crianças no grupo de tratamento ativo ainda atendiam aos critérios do TEA, documentando o desafio da melhora de déficits sociais. A Intervenção Comportamental Intensiva Precoce (EIBI – Early Intensive Behavioral Intervention) é uma estratégia utilizada nos estudos Lovaas  e é o modelo ABA com o suporte empírico mais forte até o momento. A EIBI utiliza abordagens de ensino operantes para reduzir problemas comportamentais e formação de julgamento discreta para desenvolver novas habilidades, como atenção, imitação, recepção/expressão de discurso e competências para a vida. As principais características do EIBI são:
  • Foco no desenvolvimento precoce (crianças com menos de 5 anos de idade);
  • Intensidade (instruções individuais ou em pequenos grupos, de 20 à 40 horas por semana);
  • Métodos direcionados à adultos;
  • Abordagem sistemática (dividindo habilidades em componentes básicos);
  • Caráter abrangente (ex. os objetivos incluem comunicação, socialização, comportamentos adaptativos, comportamentos problemáticos).

Tratamento e Educação para Crianças Autistas e Crianças com Déficit relacionados com  a Comunicação (TEACCH)

O TEACCH é um serviço clínico e programa de treinamento profissional baseado na sala de aula, desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, e iniciado em 1972 por Eric Schopler.Esse programa tem sido amplamente incorporado nos contextos educativos norte americanos, e tem contribuído significativamente para uma base concreta de intervenções do autismo. A abordagem do TEACCH é chamada de estrutura de ensino porque tem como base a evidência e a observação de que indivíduos com autismo compartilham um padrão de comportamentos, como as formas que os indivíduos pensam, comem, se vestem, compreendem seu mundo e se comunicam. Os mecanismos essenciais da estrutura de ensino consistem na organização do ambiente e atividades de maneiras que possam ser compreendidas pelos indivíduos;  no uso dos pontos fortes dos indivíduos em habilidades visuais e interesse em detalhes visuais para suprir habilidades relativamente mais fracas; no uso dos interesses especiais dos indivíduos para engajá-los no aprendizado; e apoio ao uso de iniciativa própria em comunicação significativa.

Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

Um crescente número de relatórios começaram a fornecer evidências moderadas para a eficácia da abordagem da TCC para crianças em idade escolar e jovens adolescentes com TEA. Melhoras na ansiedade, na auto-ajuda e nas habilidades do dia-a-dia têm sido relatadas, com 78% das crianças de 7 a 11 anos no grupo tratado com a TCC classificadas com uma resposta positiva em um teste.Tais descobertas encorajam a consideração de abordagens da TCC modificadas para abordar a ansiedade em crianças com TEA que tenham alto nível funcional, o que é importante, considerando que de 30 a 40% das crianças com TEA relatam níveis altos de sintomas relacionados à ansiedade.

Tratamento farmacológico para sintomas-alvo

O tratamento farmacológico no TEA é altamente empregado como uma abordagem de tratamento adjuvante na maioria dos indivíduos com TEA ao longo da vida. As melhores metas estabelecidas pela farmacoterapia são para controlar sintomas-alvos associados, como a insônia, hiperatividade, impulsividade, irritabilidade, auto e hetero agressões , falta de atenção, ansiedade, depressão, sintomas obsessivos, raivas, ataques de cólera, comportamentos repetitivos ou rituais. Inúmeros estudos têm relatado um aumento na prevalência de comorbidades psiquiátricas nessa população.Até o momento, não há medicações disponíveis para tratar os déficits sociais e de comunicação centrais do autismo, embora este seja um assunto de intensos esforços na pesquisa, com agentes como arbaclofen, ocitocina, e mGluR5, antagonistas como exemplos de potenciais tratamentos modificadores de desordem sob estudo.
Com base nos relatos dos pais, os comportamentos mais difíceis das crianças com TEA são limite baixo para frustrações, distração, irritabilidade, falta de atenção, hiperatividade, repetição compulsiva, isolamento, instabilidade de humor e movimentos de mãos estereotipados.
A TEA representa uma grande preocupação na saúde pública como sendo um distúrbio do desenvolvimento neurológico prevalente, com risco acentuado para a falha de adaptação em situações sociais, educacionais e psicológicas. Porque a identificação de atrasos e desvios da TEA são possíveis desde os 18-24 meses de idade, pediatras devem se esforçar para identificar e começar a intervenção em crianças com TEA tão cedo quanto os sinais se manifestarem. Escalas e instrumentos específicos devem ser usados para avaliar manifestações clínicas, e guiar a construção e monitoria de programas de tratamento abrangentes. Uma verdadeira recuperação do autismo não foi relatada na história, mas terapias educacionais, psicossociais e linguísticas, frequentemente combinadas com tratamentos adjuvantes, como terapia com drogas para sintomas específicos, estão bem estabelecidas para seus benefícios no TEA. A natureza complexa e persuasiva do TEA requer uma equipe de múltiplos profissionais para um diagnóstico apurado e cuidados clínicos.
 Fonte:
http://autismo.institutopensi.org.br/informe-se/sobre-o-autismo/tratamentos-do-autismo/ 
https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-autismo-sintomas-tipos-infantil-leve-e-mais/ 
http://www.engemed.med.br/2017/04/06/abril-azul-dia-mundial-da-conscientizacao-do-autismo/ 

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